O intenso ritmo de transformação imposto pela evolução tecnológica, pela globalização, pelas novas demandas do consumidor e, sobretudo, pela pressão sobre custos vem colocando em pauta a competência da força de trabalho e a capacidade de adaptação das organizações às mudanças socioculturais e às novas formas de organização do trabalho, mudando o foco de atuação do presente para os desafios do futuro.
Segundo pesquisa da ACCENTURE, um destes maiores desafios que afetam os negócios, na opinião de mais de 90% dos CEOs globais, é a escassez de talentos e falta de habilidades relevantes para o futuro do trabalho.
Além das tradicionais competências técnicas e das competências socioemocionais cada vez mais exigidas, as chamadas “tech skills” – habilidades digitais – e as “green skills” – habilidades verdes, relacionadas à sustentabilidade, estão altamente valorizadas no mercado.
As inovações advindas da transformação digital viabilizaram a automação de tarefas simples e rotineiras, impactando a demanda por habilidades e competências mais complexas. Com o avanço tecnológico, a gestão e a mensuração de performance tornaram-se mais transparentes. Hoje em dia, é muito mais fácil notar quem faz o que dentro de uma organização. As contribuições individuais tornaram-se mais expostas.
Os Recursos Humanos, que antes executavam atividades contínuas e rotineiras, agora são dispensados dessa tarefa, cada vez mais automatizada, e passam a atuar na valorização do capital humano. Em um contexto em que a inteligência artificial substitui várias atividades humanas, é preciso utilizar a capacidade de pensar do indivíduo para criar e inovar, promovendo uma conjuntura que estimule um novo modelo de gerenciamento de pessoas nas organizações que vem sendo demandado nos últimos anos e tem sido foco de estudos e discussões no meio acadêmico e empresarial.
Segundo a Forbes, as 16 tendências do mercado de trabalho em 2024 são:
- Esteja pronto para ver mais vagas relacionadas à IA;
- Tecnologia ainda está em alta;
- Trabalho flexível é o que há;
- Modelo 100% home office está em extinção;
- IA já é parte dos processos seletivos;
- O TQQ (terça, quarta e quinta no escritório) vai continuar;
- Cada um é cada um;
- Mercado pede talentos qualificados;
- Lifelong learning é necessário;
- O negócio é equilibrar soft e tech skills;
- Green skills vão te tornar um profissional mais competitivo;
- Semana de trabalho de 4 dias vai estar em alta;
- Sua próxima entrevista de emprego pode (e provavelmente vai) ser com um robô;
- Os “rage appliers” (profissionais que se candidatam a vagas de emprego por estarem frustrados com o próprio trabalho) vêm forte, especialmente entre millennials e a geração Z – é uma reação de pessoas que se sentem desvalorizadas no ambiente de trabalho;
- Transparência salarial está forte lá fora, especialmente entre a GenZ;
- A GenZ busca flexibilidade e valoriza o bem-estar e a diversidade.
Analisando essas tendências que já vemos em curso, fica notório o papel da área de RH, não apenas na gestão da jornada do colaborador, mas como parceiro estratégico do negócio, criando soluções inovadoras para enfrentar os desafios colocados acima, expandindo sua visão para além dos processos de RH e promovendo mudanças culturais que humanizem as relações homem-máquina e potencializem o capital humano.
Para assumir esse papel, o profissional de RH precisa conhecer muito bem o negócio, ter habilidades de relacionamento com todos os seus stakeholders internos e externos à organização, bem como uma atitude reflexiva sobre suas próprias crenças e proativa em relação aos demais gestores. RH precisa ser exemplo e inspiração para as mudanças que deseja implementar, como aponta Dave Ulrich (autoridade no tema). O RH precisa saber navegar nos paradoxos inerentes a este mundo de incertezas.