Governança corporativa tem papel fundamental em tempos de crise, destaca especialista
“É importante que controladores, conselheiros e
administradores tenham um bom canal de relacionamento explicando claramente à
sociedade e seus pequenos acionistas o que está ocorrendo e o que está sendo
feito para melhorar a situação da empresa pelo menos no médio prazo”, destaca
Joaquim Rubens Fontes Filho
A pandemia de COVID-19 que vivenciamos traz inúmeros problemas para a sociedade. Além do problema de saúde pública, há o impacto severo na economia, que já começa a ser sentida no Brasil. O professor da Escola Brasileira de Educação Pública e de Empresas, professor Joaquim Rubens Fontes Filho, fala sobre a importância da Governança Corporativa em tempos de crise para a websérie FGV – Impactos do COVID-19 e como ela pode auxiliar nesse momento.
Mas o que é a
Governança corporativa?
A Governança Corporativa é o conjunto de mecanismos, processos e leis que norteiam a forma como uma organização é administrada, tendo como objetivo principal a recuperação e garantia da confiabilidade com seus acionistas.
Qual é a base da Governança
corporativa?
Seus principais pilares são:
Transparência - informando todos os envolvidos dos processos sobre
as informações da organização.
Equidade - tratando todos os colaboradores de forma igualitária,
sem privilégios, dos sócios aos colaboradores.
Prestação de contas - apresentação de resultados ao final de
ciclos.
Responsabilidade corporativa - compromisso social da organização com seus investidores.
Como a Governança
corporativa pode ajudar as empresas?
De acordo com o professor Fontes,
o resultado das empresas já está sendo drasticamente prejudicado e isso se
reflete também na bolsa de valores, onde os preços das ações caíram mais de 40%
em dois meses no Brasil.
“Bolsa de Valores não significa
apenas o movimento de grandes especuladores. Acima de tudo as bolsas são
espaços importantes para as empresas buscarem recursos para novos projetos,
desenvolvimento de novos produtos, expansão de mercados, enfim, para se
manterem competitivas no mercado. No momento em que seus resultados podem ser
prejudicados no longo prazo, é natural que o preço das ações desabe, como está
ocorrendo atualmente no Brasil”, explica.
Ele acredita que esse movimento
deve permanecer por algum tempo ainda, mas que as empresas devem estar
preparadas para o momento da retomada. Ele destaca que as organizações devem
estar preparadas para manter adequadamente as relações institucionais que foram
construídas ao longo do tempo entre os agentes do mercado e a sociedade.
Joaquim Rubens destaca que nesse
momento a governança corporativa assume um papel fundamental, pois trata da
relação entre os sócios e com a própria sociedade. Ele lembra de dois grupos
importantes nessa estrutura. O primeiro deles são os pequenos investidores,
que, com menos possibilidade de diversificarem suas aplicações, serão
severamente impactados pela crise. Destaca também que a saída desses agentes
pode trazer problemas de liquidez para as empresas, que terão muito mais
dificuldades de captar recursos. Outro grupo importante são os empregados, que
fazem parte do conjunto fundamental de stakeholders de uma empresa.
“Governança corporativa significa equidade de tratamento dos sócios e transparência nas relações. É importante então que controladores, conselheiros e administradores tenham um bom canal de relacionamento explicando claramente a sociedade e seus pequenos acionistas o que está ocorrendo e o que está sendo feito para melhorar a situação da empresa pelo menos no médio prazo”, destaca.
O professor finaliza dizendo que é fundamental que se busque essas boas práticas e que a se consiga construir, ou ao menos manter, a estabilidade do mercado e o acesso das empresas a esses recursos.